quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Agenda Uruguaya


As Reuniões de Pauta Mínima
Para se passar a limpo o atual quadro político nacional, para se atravessar francamente o verão fascista tropical que se anuncia, com roxas intempéries, o mais recomendado seriam reuniões de pauta mínima [também: reuniões uruguayas] = Para esta estação, seriam encontros residenciais de cerca de dez pessoas que, antes de mais nada, están muy aburridas... e precisam desabafar todo este calorão.
Contudo a experiência histórica indica que para as turbulências fascistas, o melhor é a reflexão cautelosa sobre a História Recente, e as análises ponderadas, de baixa temperatura e pouco volume-de-som. Todas as experiências à la mussoline são improvisações rápidas, que se auto-derretem. O provável “novo-regime” estará no auge de sua ascensão, com o máximo de contradições com a sociedade real, em seis meses, a partir desta data.... Em 12 meses haverá crise política, governamental. (Já com 3 meses, o general Mourão vai confidenciar à nação que Eles não têm um programa econômico definido.) [Porém antes, ou logo após, o Natal, o gen. Mourão vai ter que substituir o Tenente Exaltado = mas isso já é outra Estória!]
Portanto, as reuniões de pauta mínima devem preparar os cidadãos para o período a partir de Out/Nov-0019, quando provavelmente a sociedade brasileira estará retornando às condições mais ou menos desfrutadas em 0012.

governo-washington.blogspot.com





Museu Português em Santíssimo Sacramento.









Em 1680 uma expedição comandada pelo militar português Manuel Lobo, governador do Rio de Janeiro, fundou o entreposto/fortificação mercantilista de Colônia do Santíssimo Sacramento, do lado do estuário do Rio da Prata próximo à saída das águas do Rio Uruguay. Do outro lado, a 50 km, estava a colônia espanhola de Buenos Aires. Já nos primeiros 6 meses de fundação de Sacramento, os espanhóis tentaram expulsar militarmente os portugueses do que seria território da coroa espanhola. Em 1681 foi assinado um tratado provisório que permitia aos portugueses operar comercialmente sua fortaleza naval, mas não expandir território.


A Definição da Pauta Mínima:
A Pauta Mínima para o presente momento nacional é a redefinição dos partidos político-eleitorais, de suas funções e objetivos. A primeira instância da atividade cívica dos partidos não deveria ser dirigida às eleições e aos cargos públicos. Muito antes dessa instância ser realizada, os partidos deveriam ter diálogos frequentes e diretos com a sociedade, através de ass.s moradores, sindicatos, jornais, ass.s pais/alunos... e principalmente nas sedes dos partidos. Nesse caso, antes de serem siglas [cartórios] eleitorais, os partidos deveriam se organizar em Frentes: são as Frentes que buscam o cidadão onde ele está desorientado; que propõem as cartas e programas... [não “ideologias” = um termo muito sujo!!].
Não faz sentido que o PT, PSOL, PCdB, PDT sejam divididos, quando a proposição política e econômica é quase a mesma, no sentido do que fatalmente precisa ser realizado na prática: o controle da ação do capital dos bancos e empresas internacionais sobre nossa economia, sobre nossas empresas regionais; defesa de um assistencialismo mínimo e promoção social para os pobres em geral; realocação da população em excesso das metrópoles para territórios nos rincões, com a implantação de agrovilas, pequenas indústrias.
A apresentação das teses majoritárias na sociedade deve ser feita pelas agremiações mistas, supra-partidárias. Ainda incluindo PCB, PCO, PSB, J. Vicente & possíveis outros [não p/Marina; não p/PSTU]... Esta é a mais importante atividade política, cívica, “de esquerda”, que está sendo desperdiçada a cada novo período de estabilidade... E a cada novo período de turbulência.

A Pauta Mínima assim se define como necessidade objetiva, não como "escolha afetiva":

I) Antes das Eleições, e para que aqueles que serão eleitos para os cargos públicos possam ter eficácia, é necessário que os políticos pertençam a entidades cívicas primárias, que esclareçam diretamente nas comunidades qual o significado das doutrinas, dos programas políticos e governamentais; qual o significado do poder do Estado, do poder das companhias multinacionais e bancos; qual o poder dos meios de comunicação; qual o significado de “Brasil”, “desenvolvimento econômico”, “justiça social”, qual o significado da classe política, etc, etc.
E assim os termos assumidos do “esquerdismo”, as diversas concepções de ativismo, precisam ser esquecidos, para que possam ser reassumidos.
II) É a partir desse patamar que as campanhas para vereadores e deputados est.& federais, senadores, devem ser lançadas, de modo que os parlamentares se tornem de fato a “voz do povo”, mas também aqueles que levam para as camadas sociais as proposições governamentais, o papel das elites, da classe política, dos meios de comunicação, generais, juízes.
Nesse caso, para as campanhas parlamentares, os partidos tais como estão definidos, PT, PSOL, PCdB, PDT, etc, manteriam suas definições e regionalidades naturais, segundo o âmbito de uma federalização. Sem dúvida efeitos de rivalidades e “tribalismo” seriam previsíveis, mas facilmente superados por compromissos éticos. [*]
III) O Povo pensa no “governo” como um Rei: seria uma instância que poderia/deveria resolver tudo. A classe média vive de ciúmes e desconfianças sobre os poderes do Rei Imaginário. A Burguesia sabe que não é nada disso, o Governo sofre muitas pressões. Os Lobbies imperialistas fazem todo tipo de jogo de pressão sobre as elites nos países médios, Brasil, Argentina, México.
Assim, é no quadro das eleições para os Executivos que a proposta da frente, federalização das siglas atuais, se mostra mais necessária. Para se evitar o tipo de “perigo” demagógico e aventureiro, de que já temos tanta notícia!!... As frentes devem ter somente Um candidato: responsável, respaldado, com programa. Para cada Prefeito em cada Município, para cada Governador em cada Estado, somente um candidato deve ser escolhido... Seja em Brasília, ou no menor município, somente candidatos de frentes partidárias coerentes têm chance de apresentar projetos e formar secretariados, ministérios, com suporte político a longo prazo. As personalidades eleitas nominalmente têm que começar tudo a partir da posse. [**]

[*] Exemplo de “Frente” foi a reunião PSD/PTB em 1955 que elegeu Kubitschek; e também o PMDB da Redemocratização anos-80 foi uma frente de partidos reais e regionais. Ainda, o PT que elegeu o Inácio em 2002 era um frentão.

[**] Tipicamente, num Município desarticulado, uma vedete ganha uma eleição na sorte-grande. A partir do mandato de Prefeito, seu partido se constitui; todos querem ser presidente do partido, ou candidato a Vereador, para seguir carreira junto ao novo líder prefeito-vedete. O Partido vive em função das vitórias eleitorais, e dos cargos que são oferecidos. Exatamente essa têm sido a inversão dos valores, e assim para todos os partidos.



Ao longo de todo o séc. 18 os espanhóis cercaram várias vezes, invadiram e tomaram dos residentes a cidadela mercantilista, para depois, novamente, devolvê-la aos portugueses, em função de tratados e acordos das coroas de Castela e Lisboa. Os portugueses não poderiam fundar uma “colônia”, apenas comerciar. Em 1750 foi assinado o Tratado de Madri, em que a coroa espanhola cedia aos portugueses as terras das Missões Jesuíticas do Guaranís no Rio Gr. do Sul, em troca do Enclave de Santíssimo Sacramento. Mesmo depois deste Tratado, as duas potências navais sul-atlânticas continuaram disputando o promontório encantado até 1817...
todoababor.es//fundación_de_la_colonia






Os Projetos de Pauta Mínima
O Projetos nacionais de Pauta Mínima seriam uma coleção de uns 10 a 12 projetos básicos que deveriam estar sendo maciçamente enfatizados ao longo do tempo... por uma frente única capaz de fazer destes critérios uma cultura política popular, e uma orientação para as lideranças burguesas e nas classes-médias esclarecidas, estudantes, jornalistas, professores, juristas, oficiais militares nacionalistas.

1) A política financeira-econômica dos grandes bancos internacionais, nos diversos países, determina infinitamente mais as “condições de mercado e trabalho” do que é suposto nos discursos técnicos e políticos sobre o mercado e o trabalho. É o controle, ou influência, por parte dos financistas, das condições de emissão da moeda, e dos papéis, bônus, etc, em série, que produz na economia social, real, de um país, a impressão de “estagnação”, sub-desenvolvimento, produtividade insuficiente, arrecadação insuficiente por parte do Estado. Da sociedade se exige sempre mais; mais produção para cobrir as bolhas inflacionadas sistemáticas implícitas nas emissões de moeda e papéis:
Nos EUA as emissões monetárias são acompanhadas de bônus do tesouro, que servem de início como lastro: papéis, que designam dívidas do Estado, que servem de lastro para emitir outros papéis, que servem de lastro para emitir outros papéis [ou digitações], indefinidamente...!!! Ninguém se escandaliza em que a economia norte-americana trabalha com um déficit estatal de trilhões, ao passo que, se Brasil ou Argentina apresentarem déficits republicanos... Serão imediatamente açoitados, como se os Estados devessem ser empresas com superávit primário (para também emitir seus papéis)...
governo-washington/natureza-parasitária-sistema-monetário
O linguajar incessante sobre “taxas de crescimento”, “desenvolvimento econômico”, apenas serve para justificar a extração da mais valia que o setor improdutivo da sociedade... obtém sobre os setores produtivos. O termo “o Mercado” jamais poderia significar o “mercado” financeiro, o qual é antagônico aos interesses do comércio das empresas pequenas, médias, regionais, etc.
Os bancos internacionais são os acionistas das super-multinacionais, com seus gerentes anônimos.
É claro que a solução, sempre ofuscada, é a emissão do Real, lastreado na produção brasileira...!! Entretanto, o discurso imperialista quer fazer crer que só a Riqueza financeira [papéis, moedas infladas] pode trazer mais “riqueza”, “investimentos”, não o trabalho.
A Petrobras, p.ex., não teria necessidade de emitir “ações na bolsa de nova iorque” para “obter mais recursos”. Este foi um expediente para interferir na Petrobras... A Petrobras poderia, inclusive, descontar parte de sua lucratividade, vendendo a gasolina barateada para o cidadão, e mantendo ligeiro superávit. Recebendo os investimentos do Estado, quando necessário; ou dando presentes de sua lucratividade ao orçamento federal.

2) O Estado Nacional poderá investir quantas vezes quiser em nossa própria produção, com moeda nacional. Todo o discurso sobre “dar mais empregos” quer significar apenas “dar mais verbas para empresários”, de modo que somente empresários possam “dar emprego”...!
Assim como o Estado realiza seu assistencialismo financeiro para as empresas nacionais, regionais, assim o Estado pode e deve estabelecer um assistencialismo direto à população, dando oportunidade para a criação de micro-empresas, pequenos comércios e oficinas. A simples oferta monetária às famílias cria aquecimento do mercado local, municipal.
Acima de tudo, empresas estatais precisam ser criadas e “dar emprego”, isto está sendo censurado no discurso politico.

3) Há muito já se deveria ter estabelecido no Brasil os projetos para a interiorização das populações (carentes ou não) dos aglomerados urbanos: este é um problema número-1 para qualquer discussão de criminalidade, sanitarismo, saúde social.
Por certo, o Estado Nacional teria condições de implantar (dez anos de prazo) vilarejos em todos os rincões, com agricultura [subsistência ou comercial]; e pequenas indústrias, artesanatos [de consumo local, ou para comércio]. Assim como fez tantas obras faraônicas, o executivo nacional, com todas suas empresas devidamente associadas, precisa criar essas povoações, com praças e jardins, coretos, escolinhas, etc. [É preciso um super-Ministério]

A Fortaleza dos portugueses ocupava um polígono de apenas 300 x 550 ms, cercado por muralhas...
























Sendo todo o contorno marítimo do promontório, indicado pela fita azul, de difícil abordagem para atacantes. A ponta do promontório aponta o Oeste, e na direção das terras continentais para Leste ficava a muralha maior, com o portão principal; este portão, com uma porção da muralha, existe até hoje; é indicado no desenho pela direção que aponta o bico do ganso embaixo, com o acesso direto à praça maior, a mesma atual. Toda a muralha para Leste à direita no desenho foi desmontada para que a cidade se estendesse. De frente para o mar oeste, parte da muralha também preservada. O porto, que existe até hoje, ficava na enseada Norte, onde está uma caravela com velame arriado
















4) A questão da criminalidade só poderá ser resolvida com promoção social e transferência das populações nas megalópoles, mocambos e “comunidades”. O exercício troglodita da repressão e perseguiçãos aos pobres, somente alimenta a vingança dos filhos dos pobres nas gerações seguintes, eles se tornam bandidos como “heróis” independentes da sua gente... Todas as pessoas educadas sabem e sempre souberam disso no “Brasil”... O fascismo resulta de uma propaganda histérica para apagar este consenso, e agora é missão restaurar em toda parte a cultura nacional de miscigenação e “cordialidade” dos anos 50, quando as classes médias urbanas desistiram em menosprezar os descendentes indígenas e africanos, recebendo-os em casa alegremente como empregados. A cultura musical brasileira resulta em grande parte do “perdão” dos povos subjugados ao colonizador europeu...
O que está faltando aos povos proletarizados brasileiros é a Recompensa Econômica: Doação de terras, moradia, e organização da produção. No Rio de Janeiro as chamadas “comunidades” não são mais as favelas de pobres, são concentrações justamente em função das facilidades de consumo, aquisição de bens domésticos, diversão. E as madames gastronômicas abastecidas dos apartamentos de classe média atapetados com empregados e ar-condicionado também fazem parte do “inchaço” urbano... a forma do capitalismo concentrador criou os aglomerados esquizofrênicos. Só o Estado Nacional, com muito boa vontade e aparelhamento pode resolver isso.


Agenda Uruguaya



a praça mayor é cheia de charmes, cafés, museus, artesãos, professores universitários dando aulas-de-campo... é uma amostra de campo, uma região de pesquisas. você pode abrir uma praça uruguaya em sua própria residência.

sexta-feira, 9 de março de 2018

a discussão política está amordaçada na comunidade... e a reflexão sobre a sociedade nacional paralizada em toda parte – inclusive no petê... o que será???


A tese das "três estruturas" foi apresentada no livreto com o mesmo título [2012] com a finalidade de se tentar descrever e compreender a evolução da sociedade ocidental até o final do séc. XIX... A partir desse momento, casas financeiras assumem a hegemonia sobre todo o conjunto político e econômico, em todas as nações ocidentais... As políticas imperiais e econômicas das nações, a vida interna das nações, não podem ser compreendidas no séc. XX, caso esta nova "classe no poder" não seja detectada... Por nossos acadêmicos, por nossos esquerdistas, e jornalistas que não devem falar de "conspirações"... E esta nova casta internacional é algo bem diferente do que as classes burguesas em cada país...

Com novo sub-título de "Estudos sobre a Forma Imperial do Capitalismo Financeiro no séc. XX", este livreto está revisado e ampliado para segunda edição.

Veja sobre o livro ao final da página:
virtualpolitik.bravehost.com/index



Rua Nova Aurora = = > seguindo para Bocaina dos Blaudt = = > Desde 2013 as especulações conspiratórias formaram espessas nuvens obscurantistas em toda a região = = > o problema é que hoje em dia o pessoal "não lê nada" ... = = > A força dos ventos e dos raios do sol deve ser maior que o peso das nuvens = = >pois sim??

De início, as 3 principais Formas Antropológicas que constituíram a civilização Ocidental seriam: a Nação... o Estado... o Modo de Produção...
Porém a Religião também poderia aparecer como estrutura primária... (Uma civilização, ou cultura, poderia ser organizada pelo hedonismo, pela arte, por pajés, assim por diante...)


A Tese das 3 Estruturas

As análises de Karl Marx sobre o Modo de Produção podem ser vistas de modo razoável como o primeiro exemplo consistente de estruturalismo sociológico no Ocidente: nessas análises o modo de produção (a economia) é uma organização básica (estrutura), sobre a qual as formas ideológicas, jurídicas, institucionais vêm como “apoio”, isto é, como super-estruturas...
Essa proposição permite uma renovação generalizada nas ciências humanas, em que são superadas as leituras funcionalistas, utilitaristas, e de economicismo simples. Sendo uma versão de Economia-Política para a interpretação histórica e antropológica, o que se tem como Marxismo seria esta consideração permanente de que a economia/modo de produção/divisão social do trabalho, é aquilo que se compreende em primeira instância, para a determinação de todos os outros fatores sociais.
A leitura marxista, de início, é uma filosofia da história: as formas de consciência, subjetividade, ideologias, são determinadas pelas condições materiais de existência... Nestes termos, não é consciência, que se tem, dos objetivos e interesses econômicos, que determina a Economia; são as condições materiais de existência e de produção que determinam a consciência, que se tem, dos fatos sociais. E assim, estas determinações são bem mais complexas que aquelas indicadas na filosofia do sujeito e da razão “autônoma” da revolução burguesa (Esclarecimento, séc. 18).

O Marxismo, contudo, como Economia-Política, pode ser uma visão adequada apenas para os sécs. XIX e XX:
Quando assistimos a história da humanidade inteira, antes que esta ingressasse no período de modernização capitalista no séc. XIX, a leitura mais provável é a de que o poder militar (consequência, depois causa, das guerras) seria de fato a estrutura primária. E, nessa nova forma de compreensão, o Estado, as normas jurídicas, as lendas, os valores e dizeres corriqueiros... aparecem como Formas Sociais de apoio, de modo curiosamente equivalente à proposição marxista inicial.
Ao longo de toda a história, até este momento, a fundação e ordenação dos Estados foi consequência da vitória na guerra, do estabelecimento de cada nação como resultado de guerras regionais (ou tribais). Conforme a tese apresentada, os vencedores, uma vez dada uma união nacional, fundam seus estados governantes segundo uma arte inteiramente diferente daquela da guerra: os estados, inicialmente aristocráticos, devem agora servir aos interesses de produção, estabilidade, convívio, requisições e gratidão, etc. Sem dúvida a exploração entre as classes está presente, porém a governância passa a ser desejada como tal, por todos aqueles que agora vivem em estados nacionais constituídos.
Contudo, com o advento da sociedade capitalista, o Estado é capturado por uma nova classe, que não controla generais e soldados, mas controla a economia. A classe burguesa propõe seu projeto de República, de razão liberal, de democracia eleitoral. Se o projeto liberal fosse levado a todas suas consequências, a exploração das classes trabalhadoras seria levada ao máximo de negociações e humanismo. Como esse projeto nunca se realizou (devido a sua formulação idealista, apontado em Marx) naturalmente é a razão marxista que se torna previsível. Seja pelo conflito de interesses, ou mesmo guerra, entre as classes, a república liberal seria substituída por uma república planejadora da produção. Ou, da mesma forma, em função de negociações e democratização continuada na sociedade.
Uma outra hipótese previsível para a sociedade burguesa seria a restauração aristocrática, através da guerra... Nesse caso, os caudilhos bonapartistas, e os arroubos fascistas, representaram a nostalgia dessa possibilidade, na forma do pseudo-aristocrático.
Todavia, o que não foi previsto, a classe capitalista, com sua capacidade de centralização e organização da produção, teve todos seus valores, sua política econômica, suas Repúblicas, capturadas por uma nova classe, que aperfeiçoou os próprios métodos da burguesia, contra ela mesma...!



Maforte e Montanha da Boa Esperança ao fundo

A tese das três estruturas pode ser assim resumida:
1) O Poder Militar: Finitudes implicadas na guerra, na exclusão, na inclusão, e no comando; a origem das nações; relações entre clãs e tribos. Nação, nacionalismo; imperialidade, imperialismo. A primeira estrutura como o inconsciente político: fazer morrer e fazer nascer; genética guerreira e genética amorosa.
2) A Formação do Estado: o Estado de uma Nação como estrutura social ao longo do tempo.
3) A Finitude Econômica: A política como função das formas sociais de produção; significado da interpretação marxista até nossos dias.

A tese histórico-antropológica no livreto mencionado é apenas uma sequência de anotações acadêmicas, e não tese universitária, uma vez que sua função é a de um manual para ação politica, para partidos e jornalistas. A maior parte do texto é dedicada ao Cenário Empírico, onde se descreve a formação da classe financeira dentro do capitalismo do séc. XIX, assumindo uma característica de classe feudal-despótica, e que ascende a partir da forma burguesa em função de sofisticados meios financeiros, técnicos, de inteligência, militares, etc.

Veja aqui o trecho sobre a formação da casta dos Banqueiros:
governo-washington.blogspot.com/02-money_control

E aqui o adendo de Eustace Mullins para a nova edição, com o comentário sobre A. Hitler:
http://www.virtualpolitik.bravehost.com/o_chanceler




a montanha da Boa Esperança [Boa Vista, ao fundo na foto anterior] é uma montanha dupla, em que o pico maior, com 1.980 m. altura, parece estar colado ao outro monte cônico em frente [1.892]... entretanto, eles estão a 2 km de distância um do outro!! ... ilusão de ótica, pois não??
nesta foto, o pico maior está no círculo amarelo, e o pico menor é o cone que aponta p/o canto superior esq. da foto... entre os dois há uma planície, por onde passa uma estradinha que vem do alto do Macabu, e desce p/o Sana... ao fundo esq. se vê a descida do Macabu p/ Boa Esperança... o despenhadeiro p/o Sana que domina a foto tem mais de 1.200 m. de altura!


A Nação e o Estado

1) Quando uma Nação surge, se estabiliza, supera a violência das guerras inter-tribais, os representantes do poder nacional dão nascimento ao Estado da nação... De início estas duas estruturas antropológicas compõem uma mesma realidade. Entretanto, com o tempo o Estado da nação se desdobra em sua vida interna: por maior que sejam os conflitos internos, os conflitos de classes, etc, o Estado surge como necessidade de estabilidade. Sendo despóticos os governantes, ou benévolos, a necessidade de mediação e estabilidade é uma demanda social, coletiva. Há um limite para os governantes despóticos uma vez que sua violência pode resultar em sua destituição... Em caso de guerra civil, não apenas o Estado é reconstruído, mas a própria nação morre para nascer de novo.
Ou seja, a Nação como o resultado da vitória alcançada num concurso de guerras, e o Estado, não são apenas o resultado dos desejos, das ambições ou anseios dos povos: são estruturas sociais que levam os indivíduos, reis, generais, políticos, soldados, à ação, sem que eles tenham plena consciência do que fazem. A demanda surge no conjunto social, antes que os indivíduos decidam o que fazer a respeito.

2) Na formação da humanidade que nós conhecemos [limite empírico] sempre há uma sequência em que as nações surgem como resultado dos acordos, vitórias e derrotas na guerra. Em seguida, os chefes militares assumem casas reais e passam a ser estadistas. É a origem da noção de aristocracia (nobreza). Caso sejam capazes de formar um Estado mediador dos conflitos internos, obtendo reconhecimento ou admiração nas camadas sociais, o Estado passa a ser o reiterador, o garantidor da Nação. Se os primeiros reis forem arrogantes e desiguais, eles serão derrubados: novos governantes serão instaurados, no mesmo Estado; ou, o Estado é destruído, e com ele a própria unidade da Nação.

3) Contudo, para a análise das Nações e seus Estados que se originaram a partir das colônias européias, essa sucessão adquire aspecto diferente. Em cada caso, são os Estados formados nas colônias (vice-Reinados) que recebem o encargo de criar a nação a partir dos Estados.



Rio Macaé
próximo à
nascente











4) Sendo uma colônia, o Brasil-Nação não foi fundado no séc. 16... Apenas, como integração dos rincões distantes, a unidade nacional é um feito militar dos portugueses. Porém a unificação dos povos e culturas aqui necessitaria de uma ação cívica: e esta fundação do Estado Nacional nunca se concretizou de forma eficaz. O Brasil ainda é expectativa, anseio; é como se fôssemos ainda uma Portugal-2... Tentando “pagar sua grande dívida” para com os africanos deportados para a escravidão [tema da historiadora Moritz]; e da mesma forma, em relação aos descendentes indígenas.
É a verdadeira mesclagem dos tipos raciais, ou étnicos, ou dos costumes, que não se realizou até nossos dias. Na História européia, a mistura das tribos e das etnias se dá antes da formação das pequenas e grandes nações. Seja pela guerra ou convívio, o surgimento dos sentimentos de identidade nacional se dá quando o processo dos casamentos inter-genéticos já está bem avançado; ou seja, certos tipos que aparecem como “raças” são resultado híbrido mais ou menos padronizado e feliz de “raças” diferentes em contato por gerações.
Na colônia Portugal-2 a mescla mais feliz entre os três tipos de descendentes se deu somente em parte: algumas vezes à revelia do Estado; em alguns momentos, como resultado de providências estatais.

Por ex., como consequência da “Lei Áurea”, que ficou incompleta... A Princesa de então foi destronada antes que aprofundasse suas “reformas”... Também como consequência da “carteira de trabalho” getulista, que criava integração e mobilidade social, assim como o “abrir estradas” da era JK, quando as populações periféricas se aproximaram dos descendentes europeus no litoral.
Com o “bolsa-família” do PT faltou curiosamente uma Princesa em Brasília, para avançar o processo de integração, oferecendo às camadas populares, além da merenda, certas orientações cívicas e culturais, que devem preceder os atos e decisões políticas e eleitorais... e negociando com a classe-média, oferecendo mediação para que eles não se sintam “orfãos políticos” (Recaindo no fascismo, e aprofundando, ao invés de diminuir, o fosso entre as classes).

Entretanto, a cada nova fundação do estado nacional, Portugal-2 não se constitui devidamente como Brasil. A vinda de João VI em 1808, e a apressadíssima fundação de Pedro I, em quase nada contribuíram para a formação autêntica de um sentimento de nacionalidade (mais ainda, de fidelidade, etc; foram muitas as revoltas regionalistas).
[Pedro I poderia ser “Rei”, jamais “Imperador”, ficando a morar no Brasil, sem abdicar... é um milagre a continuação da Monarquia, quando uma República capitaneada por José Bonifácio seria mais natural].
O Reinado de Pedro II é somente o primeiro sinal de um Estado Nacional em projeto. Se as iniciativas providenciárias prometidas pela Princesa Izabel (junto a outras medidas de interiorização da cultura, etc) tivessem ocorrido, talvez a nação Portugal-2 tivesse alcançado a “transmutação” Brasil... Entretanto, o retumbante fracasso político do autoritário e deslumbrado Marechal Floriano; a República Velha (não constituída pelos Liberais brasileiros, que só foram convocados nos anos 20); a política ultra-classista dos latifundiários de Portugal-2 (e eles souberam bem modernizar sua capital em 1922, com bela imagem internacional...) deram ao estado nacional brasileiro essa aparência de monstrengo burocrático, incompetente, lerdo...

Ainda assim, é necessário ressaltar que são inúteis as anedotas usuais sobre os desacertos e truculência na colonização portuguesa... em nada diferentes de seus pares franceses, espanhóis, ingleses... P. ex., quando na antiga ilha de Hispaniola a população de escravos era de 10 africanos para cada francês, quando então os franceses foram derrubados e fundado o Haiti como nação... Quando se compara com o desencontrado destino da França bonapartista... E o saque homérico de Salvador, feito pelos holandeses de Maurício de Nassau... Quando se observa em todas as casas européias o irresponsável hábito do casamento combinado de princesas de 10 anos com príncipes de países distantes (dando nascimento a personalidades traumáticas)... quando vários governantes monárquicos “enlouqueceram”, ou perderam o controle, durante suas vigências, etc.
Depois da interrupção desastrada do processo de construção nacional ocasionado pela proclamação republicana em 1889 (quando o Marechal Deodoro era, ele mesmo, contrário a essa idéia), é a Revolução de 1930 o reinício da construção de um Estado que pudesse de fato integrar a sociedade nacional brasileira. Infelizmente para todos os países, em formação, ou antigos, o período da segunda guerra e guerra fria, e os extremismos no campo político internacionalizado, não permitiram a estabilização dos diversos estados nacionais, sob qualquer uma das bandeiras, seja liberal ou democrática, seja conservadora ou republicana, reformista, social-democrática, socialista, etc.
É nos anos 50 que novamente a República Brasileira encontra sua vocação natural, providenciária, sob uma noção sadia de “desenvolvimento” econômico, e com liderança internacional. Novamente, são as contradições persistentes da guerra-fria que interrompem tragicamente esse processo... Nesse caso, é exatamente a política internacional do capitalismo financeiro que se impõe sobre nações e estados, para agravar as contradições e guerras...

As questões de unidade e soberania na formação da nação brasileira não podem ser separadas deste histórico que indica a necessidade de um Estado de caráter providencialista, sem o qual nossa sociedade não concluirá o processo de integração, identidade, auto-confiança, capacidade produtiva, reconhecimento diplomático internacional, etc.
As expectativas de desenvolvimento, democracia, republicanismo, justiça social, assistencialismo não serão realizadas sem o assentamento de uma República capaz de planejamento econômico e controle da emissão monetária -- isto é, muito mais que meramente justiceira, assistencialista, ou promotora do “progresso econômico”, no sentido habitual, estreito, das “taxas de crescimento”... É a própria sociedade brasileira que não possui por si só os condicionantes para que estes valores sejam realizados.




igrejinha de
Macaé de
Cima